Casal trava batalha por ‘guarda’ de bebê reborn: 'Apego emocional

Casal trava batalha por ‘guarda’ de bebê reborn: ‘Apego emocional’

Modelo hiper-realista que imita recém-nascidos pode custar de R$ 3 mil a R$ 10 mil

Um casal de Goiânia procurou uma advogada para administrar uma guarda no mínimo curiosa: a guarda de um “bebê reborn”, modelo hiper-realista que imita recém-nascidos. A advogada Suzana Ferreira foi quem revelou o caso. As bonecas reborn podem custar de R$ 3 mil a R$ 10 mil. São usadas para fins terapêuticos ou como forma de lembrança de filhos falecidos. Nos últimos dias ema enxurrada de vídeos retratam como os brasileiros estão optando por estes modelos.

A cliente afirmou ter criado ”apego emocional” e disse que ela e o ex ”constituíram família” com a boneca. A profissional da advocacia contou sobre o caso inusitado na segunda-feira. Surpresa com a situação, ela gravou e postou um vídeo com o relato nas redes sociais – que já atingiu quase três milhões de visualizações.

O casal vive um impasse sobre questões de convivência, divisão de custos e administração de um perfil no Instagram dedicado à ela. ”Fui procurada por uma ‘mãe’ para regulamentar a situação do bebê reborn dela, porque a boneca faz parte da família dela. Só que o relacionamento não deu certo e a outra parte insiste em conviver com a bebê pelo apego emocional”, compartilhou a advogada.

Em entrevista ao Portal UOL, Suzana se recusou a entrar no caso e cliente a acusou de ”intolerância materna”. A advogada contou que a mulher alegou haver um preconceito porque ”a família dela não era o que a sociedade exigia que fosse”. ”Foi um atendimento muito conturbado”, falou.

 A mulher quer que o ex-marido arque com metade dos custos, já que a boneca foi comprada por um ”valor muito alto”. Conforme relatou para a advogada, um enxoval também foi feito para a bebê. E, como tudo teria sido pago pela “mãe”, argumentou que achava ”justo” que houvesse uma divisão nos custos mesmo após a separação.

Ex-casal também disputa um perfil no Instagram com mais de 100 mil seguidores. Usado para postar fotos da boneca, a conta está crescendo em número de audiência, já dá retorno financeiro e tem até contratos de publicidade. ”Então, como que ficaria a questão da administração do perfil se não fosse resolvido a ‘guarda’ da reborn? Quem tem a ‘guarda’ para poder administrar esse Instagram?”, questiona a advogada.

A advogada, então, decidiu entrar com um processo em relação ao gerenciamento do perfil do Instagram. ”Juridicamente, não tem como regulamentar a guarda de uma boneca, que é um objeto. Tentei explicar que não era uma questão da vara da família, mas fiquei pensando a respeito da rede social, que é um ativo digital”, explicou.

Quem ficar com o perfil, deverá ter a posse da boneca para a produção de conteúdo. No entendimento da advogada, a nota fiscal deve ser o ponto inicial da discussão jurídica. O comprovativo estaria no nome da cliente, que pagou integralmente pela reborn, e teria o direito de permanecer com ela.

Questionada sobre a semelhança com o caso de guarda compartilhada de pets, Suzana afastou a possibilidade. ”As ações de animais foram mais viáveis e aceitas pelo Judiciário por ser um ser vivo, existe um vínculo de conectividade. Agora, não existe base legal para falar sobre guarda de objeto. Não tenho ideia de como o judiciário vai receber essa demanda.

”O casal deve encarar uma briga no âmbito cível para a partilha de patrimônio, incluindo a boneca e o perfil. Caso as partes não entrem em um acordo, a Justiça deve avaliar a situação como uma partilha de bens dependendo do regime de casamento firmado entre eles. ”Será uma questão nova para o Poder Judiciário também, mas que se resolverá em analogia a partilha patrimonial”, compreende a profissional.

Curiosidades

Fãs das bonecas fizeram no começo de maio um encontro no parque Ibirapuera, cidade de São Paulo.

No município do Rio, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou no último dia 7 um projeto que institui o “Dia da Cegonha Reborn”, a ser comemorado em 4 de setembro. A proposta aguarda um posicionamento do prefeito Eduardo Paes.

Em Minas Gerais, o deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL) protocolou, nesta terça-feira, 14, um projeto de lei para proibir que os donos de bebês reborn levem as bonecas para receber atendimento.