O problema, mais comum do que se imagina, causa problemas profissionais e pessoais.
O intervalo interjornada é o período de descanso mínimo obrigatório entre duas jornadas de trabalho. O trabalho intrajornada, por sua vez, refere-se ao tempo de descanso que ocorre dentro da jornada de trabalho (pessoas que trabalham quatro horas, por exemplo, não têm direito a este descanso).
Segundo o artigo 66 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), o período mínimo de 11 horas consecutivas para descanso é obrigatório entre duas jornadas de trabalho. Vale salientar que tal período também deve ser respeitado em caso de horas extras.
Assim, a empresa está proibida de fazer com que o colaborador, após um número de horas extras, faça menos do que as onze horas de descanso necessárias para a sua saúde física e mental.
Caso isto não seja obedecido e seja comprovado o descaso por parte da companhia, incidem as penas da Lei sobre a contratante.
No momento histórico que estamos vivendo, não é incomum que pessoas, para driblarem as dificuldades financeiras e o aumento vertiginoso da inflação, emendem “um trabalho no outro”.
Às vezes, quando chegam em casa da jornada tradicional, elas se sentam no computador e trabalham por mais seis horas.
Embora isso de fato faça diferença no final do mês, obviamente em termos financeiros, existe um grande problema em curso: a privação de sono, assim como o excesso de trabalho e cansaço mental, podem gerar problemas significativos no nosso corpo e na nossa cabeça.
Um deles, o Burnout, é sobre o qual falaremos melhor nos próximos parágrafos.
Síndrome de Burnout: o que é?
Também chamada de Síndrome do Esgotamento Profissional, trata-se de uma doença de ordem mental que surge quando o profissional é exposto a uma quantidade significativa de circunstâncias de trabalho desgastantes, do ponto de vista físico e mental.
Trata-se de um problema comum principalmente em profissões onde há excesso de competitividade, pressão significativa e em ambientes de trabalho tóxicos (com desrespeito aos limites dos trabalhadores, com graus de hierarquia rígidos demais, fofocas, etc).
Os três maiores sintomas do Burnout incluem: exaustão física e mental, sensação de que o trabalho não faz mais sentido e sensação constante de ser incapaz para desempenhar as suas atividades profissionais.
Outras manifestações clínicas incluem:
- problemas para dormir e descansar: a pessoa começa a trocar o dia pela noite ou não consegue parar de trabalhar, com medo de ser vista como um “fracasso” ou um “impostor”;
- sentimento constante de insegurança com a qualidade do próprio trabalho;
- dificuldade para produzir;
- perda de memória ou dificuldade de concentração;
- alterações no apetite;
- depressão, ansiedade e outros transtornos análogos.
O que pode causar a Síndrome de Burnout?
Como já mencionamos, trata-se de um problema que é causado por excesso de trabalho, em especial quando o profissional se encontra em um ambiente no qual se sente pouco valorizado, onde não é pessoalmente respeitado ou onde há competitividade acima do normal. O primeiro motivo é exatamente este.
Outros motivos que podem levar à Síndrome são:
Ausência de pausas
Falamos sobre isso no início do artigo, mas reforçamos: por mais que a situação financeira não esteja como você gostaria no momento, não é trabalhar 20h por dia que vai resolver todos os seus problemas.
Isso acontece por uma simples razão: uma hora, o corpo não dará conta de tudo. Daí, será necessário interromper todo o trabalho e começar um processo de tratamento clínico – o qual, além de gerar gastos, gera frustração e incômodos múltiplos.
Substituir lazer por trabalho
Se você tem preferido “adiantar” o trabalho para o dia seguinte em vez de assistir a um filme com o seu cônjuge, filhos ou familiares, cuidado: essa troca pode custar muito caro, e não apenas num sentido físico e emocional.
Quando preferimos o trabalho aos nossos entes queridos, enviamos a eles uma mensagem que pode – e muito – desgastar as nossas relações. E isso, creia, às vezes não pode ser resolvido com médico, medicação ou pausas.
Não tirar tempo para si mesmo
Por fim, a dificuldade de tirar tempo para fazer aquilo que gosta, independente do que seja, também é um dos gatilhos para a Síndrome de Burnout.
Pessoas que acreditam que precisam performar o tempo todo e que por isso não podem parar de trabalhar tendem a perder o prazer com atividades cotidianas e que costumavam ser divertidas – isto acontece porque o cérebro, em alguma instância, faz com que elas se sintam culpadas quando não estão trabalhando.
Se você tem apresentado quaisquer sintomas do gênero, busque ajuda profissional.